O Império Otomano
Primeiros reinos turcos e Império Otomano
Em 1243 os exércitos seljúcidas foram derrotados pelos mongóis, o causou a progressiva desintegração do poder seljúcida, que na prática passou para as mãos de uma série de principados (beilhiques ou beyliks) que, começando por ser tributários do Sultanato de Rum, ganharam independência a partir do século XIII. Um destes beilhiques, o dos turcos otomanos (osmanlı), acabou se impor aos restantes, principalmente a partir do reinado de Osman I, que declarou a independência em 1299 e é oficialmente considerado o fundador. O beilhique otomano expandiu-se ao longo dos dois séculos seguintes, absorvendo os restantes estados turcos da Anatólia, e conquistando territórios na Trácia, Balcãs e no Levante, tornando-se o Império Otomano. Em 29 de maio de 1453 os otomanos liderados pelo sultão Mehmed II, apelidado de Fatih (conquistador, vitorioso), acabaram com o Império Bizantino ao conquistarem a sua capital, Constantinopla, um acontecimento que muitos consideram marcar o fim da Idade Média. Os seljúcidas eram um ramo dos turcos oguzes (Kınık Oğuz ou Oğuzlar) que no século X viviam na periferia dos domínios muçulmanosdos Abássidas, a norte dos mares Cáspio e de Aral, num dos yabghu khagans da confederação oguz.[22] No século XI os seljúcidas começaram a abandonar as suas terras ancestrais e a migrar para as regiões orientais da Anatólia, que se tornariam a pátria dos oguzes após a Batalha de Manzikert, em 1071, na qual os turcos derrotaram os bizantinos. Esta vitória foi determinante para a formação do Sultanato seljúcida da Anatólia (ou Sultanato de Rum), que começou como um ramo separado do Império Seljúcida que dominava partes da Ásia Central, Irão, Anatólia e Sudoeste Asiático.
Os otomanos confrontaram-se em várias ocasiões com Sacro Império Romano-Germânico nos seus avanços em direção à Europa centralatravés dos Balcãs e das regiões meridionais da República das Duas Nações (Comunidade Polaco-Lituana), chegando a cercar Viena em1529 e 1683. A expansão dos turcos para ocidente só foi travada graças a coligações que envolveram a maiores potências cristãs. O Império Otomano atingiria o seu apogeu nos séculos XVI e XVII, quando foi uma das maiores potências mundiais, particularmente durante o reinado de Solimão, o Magnífico, que durou de 1520 a 1566. No final do século XVI os territórios sob administração otomana estendia-se sobre uma área de 5,6 milhões de km², que ia desde os Balcãs e partes da Hungria a oeste, até ao que são hoje os países árabes, além de quase todo o Norte de África e de todas as áreas costeiras do Mar Negro.
No mar, os otomanos combateram pelo controle do Mediterrâneo com a Liga Santa, constituída por diversos estados critãos, nomedamente aRepública de Veneza, a Espanha dos Habsburgos, os Cavaleiros de São João (Ordem de Malta) e a generalidade dos estados italianos. A expansão marítima otomana no Mediterrâneo só parou com a derrota na Batalha de Lepanto (7 de outubro de 1571). No Oceano Índico os otomanos combateram contra as armadas portuguesas para defenderem o monopólio ancestral do comércio marítimo entre a Índia e Ásia Oriental com a Europa, seriamente ameaçado pela descoberta do caminho marítimo para a índia por Vasco da Gama em 1498. Além dos confrontos militares com cristãos, os otomanos defrontaram-se ocasionalmente com os persas (por vezes aliados dos portugueses) nos séculos XVI, XVII e XVIII, quer por disputas territoriais, quer por diferendos religiosos.
Durante a guerra, ocorreram deportações em massa e massacres contra as minorias cristãs, contrariando a tradição secular de tolerância e convivência pacífica que caracterizava o regime otomano. Os otomanos temiam que as comunidades cristãs pudessem apoiar subversivamente os Aliados, nomeadamente a Grécia, que não disfarçava os seus planos de ocupar uma parte considerável dos territórios otomanos, incluindo Constantinopla (a Megáli Idea), e o Império Russo, que apoiava a criação de um estado independentearménio. As populações arménias foram particularmente afetadas, calculando-se que o chamado genocídio arménio se tenha cifrado em cerca de 1,5 milhões de mortos. Além dos arménios, foram mortos muitos civis de etnia grega e assíria. Tais massacres continuam a ser oficialmente negados pelas autoridades turcas.Os séculos XVIII e XIX foram de declínio para o Império Otomano e durante este período o império foi gradualmente diminuindo em tamanho, poderio militar e riqueza. No final do século XIX e início do século XX a Alemanha de Guilherme II tornou-se um dos principais aliados do império, o que levou os otomanos a entrar na Primeira Grande Guerra ao lado dos Impérios Centrais. Apesar das vitórias obtidas por Mustafa Kemal (que viria a ficar conhecido por Atatürk), nomeadamente a da Galípoli, uma derrota inesperada para as forças britânicas e francesas, onde morreram quase meio milhão de homens de ambos os lados e que fez de Mustafa Kemal um herói nacional, a guerra representou uma pesada derrota para o Império Otomano.
Em 1917, antes do fim da guerra, a França, Itália e Reino Unido tinham assinado o Acordo de Saint-Jean-de-Maurienne, que previa a partilha do Império Otomano após o fim da guerra. A 10 de outubro de 1920 o débil governo imperial foi forçado a assinar o Tratado de Sèvres, o qual previa a entrega à França e ao Reino Unido da Palestina, Síria, Líbano e Mesopotâmia, a desmilitarização e transformação em zonas internacionais dos estreitos do Bósforo, dos Dardanelos e do Mar de Mármara. O tratado determinava ainda a entrega de todos os territórios europeus à exceção de Constantinopla e da região de Esmirna à Grécia, de grande parte do leste e sudeste da Anatólia à França e da região de Antália e as ilhas do Dodecaneso (estas já efetivamente ocupadas desde 1911) a Itália.