Afirmação da liga turca sob a tentação das liras

25-12-2010 23:27
 A Europa do futebol ganhou um novo destino de eleição: A Turquia. Um país com 75 milhões de habitantes, onde o desporto rei é venerado, e que, nos últimos anos, conseguiu que o seu principal campeonato e respectivas equipas se afirmassem e despertassem interesse além-fronteiras.
Alavancado pela economia emergente do país e por uma classe empresarial ávida por investimento e, sobretudo, protagonismo, milhões de liras - moeda turca - foram injetadas nos clubes, principalmente nas três maiores formações - Besiktas, Fenerbahçe e Galatasaray -, tornando-as destinos apetecíveis dos melhores treinadores e jogadores internacionais.
Exemplo disso foi a operação montada nas últimas semanas pelo Besiktas, que, com algumas dezenas de milhões de euros, assegurou as contratações 'relâmpago' de Manuel Fernandes, Simão Saborosa e Hugo Almeida, que assim se juntam Ricardo Quaresma, tornando esta equipa de Istambul como a formação estrangeira que mais internacionais portugueses tem no seu plantel.
Neste caso do Besiktas, que no início da temporada já tinha surpreendido ao avançar para a contratação do ex-Real Madrid Guti, o poder económico do clube provém do seu presidente - Yildrin Demiroren, milionário cuja fortuna está baseada no negócio de distribuição da gás natural - e que tem adiantando, do seu bolso, grandes somas para repor o clube no trilho do título, que já escapa há seis anos.
Além dos investimentos feitos pelos elencos diretivos que lideram os clubes, e cuja rivalidade precipita que passem cheques cada vez mais "gordos", sobretudo para suster contratações mediáticas, o poder econômico da Liga Turca advém também dos seus adeptos.
A intensidade com que os turcos vivem o futebol, até com algum fanatismo à mistura, torna este desporto num negócio muito apelativo para quem quer investir em publicidade, direitos televisivos e merchandising, num bolo de milhões de euros que já deixou de se cingir apenas aos três "grandes" de Istambul para se dispersar para o resto da tabela classificativa.
Mas para lá desta fase visível do negócio futebol na Turquia, existem, no entanto, outros contornos menos claros que teimam em manter um manto de suspeição sobre a verdade desportiva e a sustentabilidade financeira dos clubes.
Os rumores de viciação de resultados, de lavagem de dinheiro na gestão desportiva, e entrada de capitais provenientes de actividades ilícitas para financiar a gestão das equipas, adensam-se sempre que algum clube faz um investimento, fora do comum, para se reforçar.
No entanto, até agora, e apesar das investigações, pouco, ou quase nada foi provado, não beliscando a credibilidade que o campeonato turco ainda mantém, e que, em contraciclo com a crise que afecta o resto da Europa, assume-se como uma emergente tentação para os grandes executantes da modalidade.
 
Fonte: https://dn.sapo.pt

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